terça-feira, 29 de março de 2011

Morre José Alencar
Um brasileiro digno de ser lembrado

O BRASIL está em luto. Não há neste país que não esteja entristecido, ou pelo ao menos comovido com a morte do Ex-Vice Presidente da República José Alencar que nos deixou nesta tarde de 29.03.11. Apesar de todo otimismo, fé, perseverança, luta e garra por viver infelizmente ele partiu aos 79 anos de idade - ou porque não dizer 79 anos de vitórias. Quem conhece, já leu ou ouviu falar da trajetória de vida deste brasileiro, há de concordar comigo: foram 79 anos de vitória. Confesso a vocês que ainda hoje me emociona quando lembro-me de assistindo sua entrevista no Programa do Jô em 03.08.2010, ele com os olhos mareados recordava de que em seu primeiro trabalho fora de casa (aos 14 anos) todos os meses mandava um presentinho para sua mãe: "Nem que fosse uma caixa de sabonetes EUCALOL" dizia ele. Escutar José de Alencar discursando ou dando entrevista, era como assistir uma aula de vida: sempre tinha o que aprender.
José Alencar - A QUEIMADEIRA
11º de 15 irmãos, de origem pobre, começou a trabalhar aos 7 anos de idade com seu pai. Aos 14 mudou-se da casa de seus pais para trabalhar, e morando no corredor de um hotel deu início ao seu primeiro emprego formal: balconista de uma loja de tecidos, emprego este conseguido por seu irmão mais velho que era representante comercial. Logo recebeu sua primeira de muitas homenagens - MELHOR VENDEDOR DE LOJA. Este foi apenas o belo começo de sua jornada de sucesso, visto que com apenas 17 anos já empreendia em seu primeiro negócio abrindo a loja A QUEIMADEIRA, que comercializava principalmente tecidos a baixos preços e produtos correlatos: chapéus, guarda-chuvas, calçados e outros. Detalhe: abriu seu primeiro negócio com dinheiro emprestado pelo irmão (média de R$ 15.000,00 hoje) e após seu pai lhe emancipar, visto que o mesmo ainda era menor de idade. Acredita?

Em contínuo crescimento, A QUEIMADEIRA não somente vendia agora no varejo mas também no atacado. Com espírito empreendedor arriscou-se no setor de cereais comprando arroz, charque, banha de porco, farinha de mandioca e demais produtos que vinham do Rio Grande do Sul e eram descarregados no porto na cidade do Rio de Janeiro, e de lá seguia para Minas. Voltou então a dedicar-se totalmente ao mercado de tecidos e em 1967 iniciava seu império criando a famosa fábrica de tecidos COTEMINAS - uma das maiores e mais modernas fábricas de tecidos do país que em 2005 uniu-se a uma grande empresa americana, tornando sua fábrica referência mundial na fabricação e distribuição de fios, malhas, camisetas, meias, toalhas de banho e de mesa, roupões e lençóis para o mercado interno, Estados Unidos, Europa e Mercosul.

José Alencar
Foi Presidente do Sindicato da Indústria de Fiação e Tecelagem de Minas Gerais, da Federação das Indústrias de Minas Gerais, e antes disso tinha orgulho em dizer que também foi Presidente da Associação Comercial. Entrou para a política em 1950 quando apoiou Getúlio Vargas para Presidência da República e Juscelino para governador de Minas. Trabalhou também a favor de Bias Fortes, Henrique Teixeira Lott e Tancredo Neves. Ainda, manifestou seu apoio a Ulysses Guimarães e com Lula logo se tornou o Vice-Presidente da República.

Enfim, exemplos de empreendedorismo, garra e determinação é o que não falta a José de Alencar. Não vou estender meus comentários para lhe dar o interesse de assistir a entrevista que o mesmo fez no Programa do JÔ no dia 03.08.2010. Vale muito a pena aumentar o volume do seu computador, maximizar a tela e clicar AQUI para ver, se divertir e se emocionar com seu testemunho. Tenho certeza que você não se arrependerá ao ver este exemplo de empreendedorismo. É por esse e outros exemplos parecidos, que faz nosso país caminhar.

Pra finalizar, eu preciso compartilhar com vocês algumas frases que ficaram na minha memória ao serem referidas pelo então brasileiro José Alencar:


"Eu sou da roça. Eu tô acostumado a montar cavalo brabo!"


"Os discursos devem ser como os vestidos das mulheres: não tão curtos que nos escandalizem, nem tão longos que nos entristeçam".


"Se eu morrer agora, é um privilégio para mim".




Leandro Pires




Fonte: Programa do JÔ(Rede Globo), A Gazeta, O Estadão
Foto: O Estadão (Agência Estado)
Postado em 29.03.11, às 23h, por Leandro Pires

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